7 inovações em consertos de buracos prometem nivelar as ruas para sempre
Parafraseando um antigo e sábio provérbio, o caminho do inferno é pavimentado com buracos.
É um círculo vicioso na primavera: à medida que a neve derrete, a água e o gelo penetram o pavimento, congelando e descongelando, expandindo e contraindo, até destruírem a superfície das ruas, revelando uma paisagem lunar de crateras que transformam um simples trajeto para o trabalho numa rodada extra do videogame Super Mario Kart.
Para os infelizes motoristas, os buracos são um incômodo inevitável. A sua predominância nas estradas da Nova Inglaterra, nos EUA, é tão lendária que a rede de restaurantes Friendly’s oferece uma sobremesa especial da estação, Nor’Easter Pothole Sundae, completa com um acompanhamento de “entulho” de chocolate. Os danos causados por buracos custam aos motoristas americanos mais de 3 bilhões de dólares anuais em consertos e podem paralisar totalmente autoestradas, cidades e até mesmo aeroportos.
Mas os buracos são mais do que apenas um aborrecimento: representam uma ameaça real à vida de motoristas e pedestres. Buracos são responsáveis por até um terço das mortes em autoestradas, somente nos EUA. E na Índia, onde causam a morte de dez pessoas por dia, são considerados “mais mortais que o terrorismo”.
A abordagem comum para o reparo de buracos é um método “tapa-buracos” de baixa tecnologia, que envolve jogar um material de conserto – geralmente asfalto – em um buraco e nivelá-lo com uma máquina. É um conserto de baixo custo, mas temporário. No entanto, uma solução a longo prazo pode estar próxima, graças a novos métodos e materiais que prometem fazer reparos mais rápidos, prolongar a vida útil dos consertos e talvez até fazer com que os buracos nem apareçam.
1. As ruas poderão ficar um pouco mais sensíveis
O primeiro passo para reparar buracos é saber que eles existem. Essa etapa poderá ser automatizada se a rede ePave de sensores rodoviários autônomos se tornar realidade. Um projeto conjunto entre a Universidade de Buffalo e a Universidade Chang’an da China, o sistema ePave conta com sensores rodoviários sem fio, alimentados por piezeletricidade, o que significa que podem gerar uma carga a partir de vibrações mecânicas criadas pelos veículos. Os sensores, que são do tamanho de chaveiros, detectam umidade, pressão e outros indicadores de problemas, e fornecem dados em tempo real aos responsáveis locais. Testes iniciais sugerem que os sensores podem funcionar por um período de 20 anos. Leia o artigo.
2. Blockchain permite que os motoristas resolvam eles mesmos o problema
Quando nossos impostos não parecem ser suficientes para cobrir os gastos com reparos necessários na infraestrutura da nossa cidade, o mundo do financiamento coletivo (crowdfunding) pode ser a solução para resolver o problema dos buracos. A startup californiana PotholeCoin deseja empoderar os motoristas para financiar reparos locais por meio de uma combinação de financiamento coletivo da comunidade, aplicativos para smartphones, cupons digitais e automação. É assim que funciona: os motoristas registram buracos em um aplicativo, oferecendo doações para financiar os reparos. Quando um total cumulativo apropriado é atingido, o aplicativo alerta uma “organização de manutenção” (pública ou privada), que realiza o reparo e é paga pelo aplicativo. A plataforma está sendo testada usando o sistema PayPal e lançará um modelo de criptomoeda na segunda fase. Leia o artigo.
3. IA de bordo pode acelerar o conserto de buracos
O fornecedor automotivo CarVi está desenvolvendo um sistema de Inteligência Artificial (IA) de bordo que detecta e comunica a existência de buracos em tempo real. No sistema, incorporado no dispositivo de aviso de colisão da CarVi, um sensor de movimento de nove eixos, integrado numa câmera no para-brisa, examina o caminho à frente em busca de buracos existentes e que estão começando a surgir, analisa as informações usando técnicas avançadas de transferência e aprendizado profundo e envia dados para os responsáveis pela infraestrutura locais. Um teste em São Francisco revelou 300 buracos. A CarVi está trabalhando com agências federais de trânsito para desenvolver algoritmos que priorizem os perigos nas estradas e identifiquem pontos problemáticos. Leia o artigo.
4. Usar o poder das micro-ondas e do magnetismo
Larry Zanko, geólogo de minas e pesquisador sênior do Instituto de Pesquisa de Recursos Naturais da Universidade de Minnesota em Duluth, está desenvolvendo duas soluções de reparo de buracos que empregam a magnetita, um minério de ferro proveniente de minas de Minnesota.
O primeiro método, que funciona em estradas de asfalto, usa micro-ondas para aquecer os buracos e a pavimentação ao seu redor e os preenche com uma mistura de magnetita e asfalto reciclado; esse método usa micro-ondas novamente para vedar o buraco. O segundo método, concebido para estradas de concreto e de asfalto, envolve despejar no buraco uma mistura de magnetita e agregado ativada pela água, sem aquecimento. Aplicações teste de ambas as soluções duraram mais de um ano. Leia o artigo.
5. O exterminador de buracos elimina totalmente as crateras
Por que apenas remendar um buraco quando você pode exterminá-lo? O Exterminador de Buracos, uma extensão da tecnologia de construção da Mechanical Concrete, usa cilindros feitos com resíduos de pneus de automóveis para confinar pedras britadas ou outros agregados em unidades de construção permanentes, que fortalecem as fundações das estradas e inibem o deslizamento de materiais, o que inevitavelmente leva ao colapso estrutural. As estruturas permanentes são fortes, permeáveis e resistentes à erosão – com quase 300 milhões de pneus destinados ao aterro sanitário norte-americano e cerca de 450 mil toneladas de pneus descartados por ano no Brasil, esta é uma iniciativa ecológica muito bem vinda. Leia o artigo.
6. As bactérias entram na batalha
Os Estados Unidos jogam quase 20 milhões de toneladas de sal nas ruas e estradas no inverno – o que corresponde a quase 56 kg para cada americano. E embora o sal seja uma ferramenta eficaz (ainda que ecologicamente controversa) para derreter a neve e o gelo, é muito prejudicial às estradas, promovendo rachaduras, protuberâncias e buracos. Mas os pesquisadores da Universidade Drexel podem ter encontrado uma maneira de combater esses efeitos destrutivos com a ajuda de bactérias.
Tratar estradas com sal cria oxicloreto de cálcio, que se expande no concreto e provoca rachaduras que permitem que a água penetre e cause estragos quando as temperaturas flutuam. Mas quando os pesquisadores adicionaram a bactéria Sporosarcina pasteurii ao concreto, o processo elevou o pH do material e a interação com o sal criou um subproduto menos prejudicial: carbonato de cálcio, também conhecido como calcário. Em testes, o concreto com tratamento microbiano não rachou com a adição de cloreto de cálcio, embora sejam necessárias mais pesquisas para determinar quanto tempo durarão os efeitos protetores. Leia o artigo.
7. Drones e impressoras 3D: uma combinação imbatível
Como uma cárie dentária, quanto mais cedo você trata de um buraco, mais fácil é repará-lo. Pesquisadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido, estão testando um sistema que usa câmeras equipadas com reconhecimento de imagem para inspecionar as ruas em busca de problemas e, em seguida, lança drones equipados com impressoras 3D para consertar buracos no momento em que surgem. Indo mais um passo adiante, os pesquisadores parceiros da University College London equiparam um veículo híbrido aéreo-terrestre de Leeds com uma máquina extrusora de asfalto com precisão milimétrica. Esses testes fazem parte de um projeto de várias universidades que explora maneiras pelas quais robôs podem ajudar no reparo da infraestrutura e em outras tarefas em cidades autorreparáveis. Leia o artigo.