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O futuro do projeto: 3 tendências capacitam a colaboração entre disciplinas

Architects, designers and computers all have a seat at the table in the future of design.

  • A ciência de dados e a tecnologia dão aos projetistas liberdade para trabalhar de novas maneiras, automatizando tarefas e sugerindo ideias para projetos.
  • O projeto generativo auxilia as equipes a definir os resultados desejados e a tomar decisões informadas que impactam todo o ciclo de vida do projeto.
  • A metodologia de projeto para fabricação e montagem (DfMA – Design for manufacturing and assembly) permite que as equipes de construção transfiram o trabalho para fora do canteiro de obras, o que reduz o tempo, os erros e o custo.
  • A digitalização dos projetos reúne todas as partes interessadas em um modelo compartilhado de riscos e recompensas para o processo de construção.­

Os projetistas estão enfrentando uma espécie de crise existencial. Enquanto os líderes da indústria exaltam os benefícios da construção industrializada e do avanço da automação com projetos assistidos e aumentados, os projetistas, arquitetos e engenheiros podem se questionar como se encaixam neste novo paradigma; ou pior, se estão prestes a perder seus empregos.

Na realidade, o oposto é verdadeiro. Ao usar a ciência de dados e novas maneiras de trabalhar, os projetistas são capacitados para comunicar beleza e forma juntamente com resultados funcionais. E, ao melhor conectarem o projeto a cada etapa do empreendimento – do conceito às operações – os projetistas agregam maior valor. Eles podem focar mais no quadro geral, automatizando tarefas banais e oferecendo sugestões úteis baseadas em resultados desejados específicos. Parece ser quase contraintuitivo, mas no futuro do projeto, a tecnologia realmente capacitará os projetistas a serem ainda mais atenciosos, habilidosos e ficarem no controle. Os projetistas poderão verdadeiramente competir em habilidades e experiência, com um foco renovado na criatividade.

A tecnologia permite que os projetistas planejem melhor tendo o resultado final em mente e três tendências emergentes os têm ajudado a chegar lá: o projeto generativo, o projeto para fabricação e montagem (DfMA), e a colaboração multidisciplinar, possibilitada pela digitalização dos projetos, ou seja, sem papelada.

“Ao usar a ciência de dados e novas maneiras de trabalhar, os projetistas são capacitados para comunicar beleza e forma juntamente com resultados funcionais.”

A tecnologia do projeto generativo usa inteligência artificial (IA) e computação em nuvem para explorar e otimizar projetos. No DfMA, os arquitetos projetam tendo a fabricação, montagem e operação em mente para que a construção atenda aos requisitos ocupacionais e de custos. O DfMA produz certeza de construção junto com resultados de projetos tradicionais. Enfim, a digitalização dos projetos permite a colaboração multidisciplinar e redefine o papel das partes interessadas, por exemplo, garantindo que um profissional da construção participe de todo o processo de concepção do projeto.

Em conjunto, estas abordagens focadas nos resultados – ou outcome-based design (projeto baseado em resultados) – vêm transformando o futuro do projeto. Ao adotar esses processos, os projetistas podem usar a tecnologia para acelerar a transformação e adicionar mais valor a seus projetos ao longo de todo o seu ciclo de vida.

1. Maximizar a tecnologia e big data para obter resultados ideais

O processo do projeto generativo permite que as equipes definam os resultados desejados no início do projeto, enquanto as tecnologias do projeto generativo maximizam a inteligência de máquina, os dados e a automação para atingir os resultados desejados. Esta abordagem permite que as equipes tomem decisões mais rápidas e mais informadas que podem impactar todo o ciclo de vida do projeto e libera os projetistas para agregar valor criativo sem ter que gastar tempo em tarefas árduas como apresentar várias iterações.

A tecnologia que pode gerar essas opções amadureceu apenas nas últimas três décadas. A tecnologia do projeto generativo é um conceito bem conhecido em fabricação e está ganhando terreno nos processos de arquitetura, engenharia e construção (AEC), mas é apenas uma das maneiras pelas quais os projetistas estão usando a tecnologia moderna e os dados para se concentrarem nos resultados, equipados com ferramentas de software para atingir esses objetivos.

Imagine um prédio de apartamentos. O construtor comprou um terreno e o arquiteto está trabalhando no projeto conceitual. O construtor quer um projeto econômico e atraente com comodidades modernas para atrair inquilinos. O arquiteto, o engenheiro e o proprietário estão todos focados na função do prédio, sua estética e nos atributos que o tornarão atraente (e vendável) para os futuros inquilinos.

An architect uses technology to create multiple design iterations in the future of design.
As tecnologias do projeto generativo liberam os projetistas do processo rotineiro de criar várias iterações, permitindo que eles trabalhem com mais rapidez e criatividade.

Esses atributos do terreno e do edifício podem ser traduzidos em parâmetros e inseridos em softwares de projeto como o Autodesk Spacemaker. No início do projeto, o Spacemaker pode coletar dados de várias fontes: dados do terreno e de mapeamento, construções vizinhas, tráfego, geração eólica, requisitos de conformidade com base em regulamentos locais, proximidade das estradas e assim por diante.

A tecnologia gera um modelo completamente digital do projeto, um projeto conceitual que ilustra o que os arquitetos chamam de “estudo de massa”. Há muito poucos detalhes, mas um arquiteto consegue analisá-los, mudar os parâmetros e criar uma infinidade de variações que reformulem os resultados para satisfazer as necessidades dos proprietários e ocupantes, sempre em conformidade com as leis locais, os resultados do projeto do arquiteto, o tamanho do lote e outros parâmetros.

O arquiteto pode aprofundar a análise de cada um dos apartamentos na ferramenta do projeto. Quando o proprietário vende os apartamentos, as unidades podem ser precificadas dependendo da vista ou do equilíbrio entre sol e sombra. O sistema modela as condições locais usando os dados disponíveis e gera variações. Depois que um arquiteto escolhe uma opção ou opções para trabalhar, o software cria fluxos de dados, transformando o modelo conceitual em um projeto detalhado no Autodesk Revit ou outro software.

Trazer as várias partes interessadas para os estágios iniciais de um projeto de construção permite a colaboração, compreensão e comunicação ao longo de todo o ciclo de vida de um projeto. O benefício é ilustrado pela curva de MacLeamy, que essencialmente demonstra que quanto mais cedo o estágio do projeto, mais impactante – e mais econômico – é introduzir mudanças.

Como o projeto baseado em resultados digitaliza o processo de tomada de decisão, ele acelera a digitalização mais ampla. No futuro, as partes interessadas compartilharão um único gêmeo digital contendo dados dinâmicos em tempo real e especificações para a fase de operação.

Para o proprietário, o gêmeo digital fornece informações que levam a melhores decisões operacionais, tornando mais fácil, por exemplo, prever o trabalho de manutenção. Ele incorpora todos os dados dos fornecedores de equipamentos, os coeficientes das janelas, as especificações de segurança contra incêndio das portas, a localização dos sensores, e os dados dos sensores que medem o calor e a luz, entre outras informações. O gêmeo digital também permite reformas e renovações mais fáceis. É um modelo do edifício como construído, que pode ser compartilhado quando ocorrem mudanças.

2. O DfMA traz os benefícios da pré-fabricação para o projeto

Juntos, o projeto baseado em resultados e a análise de desempenho (por meio de softwares como Autodesk Insight) introduzem a circularidade no projeto. O conceito de reutilização planejada dos materiais em outro projeto move o setor da AEC em direção ao DfMA. Quando arquitetos planejam a pré-fabricação em um projeto – no qual componentes de construção podem ser montados e posteriormente desmontados – eles podem usar menos material, reduzir os resíduos e permitir maior certeza.

A pré-fabricação existe há décadas, mas só recentemente os fabricantes investiram significativamente na produção de módulos de construção e sistemas que englobam diversos profissionais. Os arquitetos com visão de futuro estão propondo a ideia da pré-fabricação aos proprietários, porque acelera o retorno do investimento ao entregar o projeto de forma antecipada e mais consistente, evitando excessos de custos e gerenciando melhor o capital.

A building is repurposed into another structure using design for manufacturing and assembly techniques in the future of design.
O DfMA ajuda arquitetos a introduzir a circularidade no projeto ao planejarem melhor para a pré-fabricação e transmitirem as vantagens do reaproveitamento de materiais aos proprietários.

A mera transferência do trabalho do canteiro de obras para locais de fabricação mais seguros e mais controlados oferece benefícios. Em um projeto recente, por exemplo, a construtora sueca Skanska AB  relatou a retirada de 46% do trabalho para fora do canteiro de obras, resultando em uma redução de 65% no tempo, 73% menos defeitos e uma redução de 44% nos custos em relação a projetos comparáveis. Por ser previsível, a pré-fabricação elimina atrasos e estouros de custo.

Empresas que constroem componentes e sistemas em uma fábrica podem contar com melhor saúde e segurança porque os módulos são construídos e mantidos em um ambiente controlado até serem transportados para o canteiro de obras. Menos pessoas são necessárias no canteiro porque a fabricação já foi feita; o que falta é principalmente a montagem. Há muitas vantagens para a pré-fabricação, embora seja caro administrar essa fábrica. Nem todas as empresas se adaptaram ao processo; então, encontrar o parceiro ideal continua sendo um desafio.

Esta é uma área na qual os projetistas podem brilhar. Uma abordagem DfMA apoiada na tecnologia lhes dá a capacidade de influenciar a construção desde o início e entregar um projeto que consegue diminuir os riscos e custos gerais e aumentar a velocidade de construção.

3. A digitalização dos projetos permite a colaboração multidisciplinar

A tecnologia está permitindo uma mudança de mentalidade em diversos setores. Historicamente, todas as partes interessadas em um projeto geriam seus próprios riscos e recompensas em processos isolados na cadeia de valor. Para adotar o futuro da prática de projetos, eles precisam avançar para um modelo compartilhado de riscos e recompensas para o processo de construção.

Parte disso está acontecendo através da colaboração multidisciplinar dentro das empresas. Há uma tendência para arquitetos comprarem empresas de engenharia ou contratarem engenheiros para que eles possam oferecer a gama completa de serviços para um projeto. Da mesma forma, empresas de engenharia estão incorporando arquitetos e construtoras estão adicionando design às suas ofertas para trazer uma abordagem completa e holística para um projeto de construção. Esses modelos permitem que as empresas de AEC estendam seus serviços ainda mais – até a fase de operação do edifício, inclusive.

An architect, construction worker and building owner examine data together in the future of design.
A digitalização dos projetos reúne as partes interessadas em um processo mais colaborativo para gerir os riscos e recompensas em cada etapa de um projeto.

Mas não se trata apenas de criar novos fluxos de receita para as partes interessadas. Com a colaboração multidisciplinar, as empresas podem medir a economia prática em termos de redução de erros e omissões, redução de retrabalho e de desperdício de materiais, e, em última análise, custos mais baixos.

Essa colaboração rigorosa torna possível que as partes interessadas acrescentem restrições, regras, modelos de conformidade e medidas práticas de consistência (incluindo os princípios DfMA) – o que então permite às equipes projetar edifícios que eles sabem que poderão ser construídos posteriormente.

Tudo isso é possibilitado pelo software que apoia a digitalização do projeto, que organiza e gere os dados do projeto em tempo real. Usar um ambiente de dados comum (CDE) para armazenar todos os modelos e dados multidisciplinares pode destravar melhorias significativas através do compartilhamento de dados e melhor coordenação, desmontando silos históricos e fornecendo melhores percepções para planejamento, projeto, construção e operação de ativos de capital.

No projeto baseado em resultados, os projetistas se tornam agentes de mudança, fornecendo uma estrutura conectada e orientada por percepções que dá às partes interessadas em todo o ecossistema e ciclo de vida de um projeto a capacidade de tomar decisões estratégicas mais informadas.

Isso é um enorme contraste com a forma como os projetos eram abordados no passado, que é muito bem resumida em uma descrição maravilhosa do Reitor Associado da Universidade de Yale e Professor Adjunto Phil Bernstein: o arquiteto costumava projetar algo e, essencialmente, desafiar a construtora a construí-lo. Não será assim no futuro do projeto.

Sobre o autor

Peter Thompson ingressou na Autodesk em 2007 através da aquisição da NavisWorks, onde ele era CEO, seguindo uma carreira bem-sucedida em vendas e marketing de produtos de criação de conteúdo digital. Thompson dirigiu vários negócios e equipes de produtos na Autodesk, incluindo a linha de negócios de arquitetura, que criou uma das primeiras suítes disponíveis comercialmente. Ele geriu produtos de colaboração como a Autodesk Design Review, adicionando Constructware e QTO para formar o primeiro grupo de linha de produtos de construção.

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