Como o openBIM leva a ecossistemas de projetos e construção mais conectados
- O que significa openBIM?
- Como funciona o openBIM?
- A evolução da interoperabilidade
- Como o openBIM está elevando o nível da jornada digital do setor
- Três razões para adotar o openBIM agora mesmo
- Três empresas na vanguarda do openBIM
- Qual é o futuro do openBIM?
Lembra-se dos tempos em que trocávamos enormes arquivos de projetos e, no final das contas, a pessoa que os recebia não conseguia abri-los? Os processos eram antiquados e resultavam em fluxos de trabalho fragmentados e ineficientes. Então, qual é o melhor caminho para que os setores de arquitetura, engenharia e construção (AEC) continuem se modernizando?
A resposta é o BIM (Building Information Modeling, Modelagem de Informações da Construção), processo de criação e gerenciamento de informações de um ativo construído – do projeto e engenharia à construção e operações. O openBIM é a linguagem e os padrões comuns que permitem a interoperabilidade das soluções de software, para que as informações possam ser compartilhadas independentemente do fornecedor sendo utilizado.
Embora o BIM tenha levado a avanços no setor, com modelos digitais 3D vinculados a dados de projetos, o openBIM é outra faceta importante da transformação digital do ambiente construído. Ele permite que equipes de áreas antes isoladas – como processos arquitetônicos, estruturais e mecânicos – troquem informações, embora continuem usando seu software preferido.
O openBIM ajuda as equipes de construção a trabalhar de modo mais eficiente, entregar um produto melhor para os clientes e revelar o potencial de um setor impulsionado por tecnologias digitais.
O que significa openBIM?
Em uma definição simples, o openBIM é uma forma de equipes multidisciplinares que não estejam executando o mesmo software trocarem informações. Por meio de um conjunto de padrões e procedimentos de trabalho compartilhados, o openBIM melhora o fluxo de dados e permite a interoperabilidade entre equipes, ferramentas e processos ao longo de cada fase da construção. O openBIM não é um produto: é uma maneira de trabalhar.
Várias organizações do setor de AEC apoiam o openBIM, como a Open BIM Network, do Reino Unido. O consórcio sem fins lucrativos buildingSMART, do qual a Autodesk é membro fundador, coordena, ratifica e mantém a maior parte das atividades relacionadas ao openBIM para promover a adoção em todo o setor. A organização descreve o openBIM do seguinte modo: “Durante todo o ciclo de vida de um ativo, o openBIM ajuda a conectar pessoas, processos e dados para alcançar as metas de entrega, operação e manutenção do ativo”.
O openBIM proporciona mais flexibilidade para empresas de AEC, permitindo que vários softwares trabalhem juntos, importando e exportando dados como arquivos Industry Foundation Class (IFC) – um padrão internacional de dados abertos supervisionado pela buildingSMART. Com isso, os fluxos de trabalho funcionam melhor e a colaboração fica mais fácil.
Seis princípios básicos do openBIM
Em sua definição de openBIM, a buildingSMART afirma o seguinte:
1. A interoperabilidade é fundamental para a transformação digital no setor de ativos construídos.
2. Padrões abertos e neutros devem ser desenvolvidos para facilitar a interoperabilidade.
3. Trocas de dados confiáveis dependem de padrões de qualidade independentes.
4. Fluxos de trabalho de colaboração são aprimorados por formatos de dados ágeis e abertos.
5. A flexibilidade na escolha da tecnologia agrega mais valor para todas as partes interessadas.
6. A sustentabilidade é protegida por padrões de dados interoperáveis de longo prazo.
Como funciona o openBIM?
A construção de um edifício do início ao fim exige um esforço coordenado entre profissionais de diferentes áreas, como arquitetos, engenheiros e empreiteiros gerais. Essas áreas muitas vezes se situam em empresas diferentes, e essas empresas utilizam softwares diferentes. O openBIM cria uma linguagem comum para maior transparência e preenche as lacunas de comunicação. Todos os envolvidos em um projeto podem usar o software de sua preferência e salvar as informações do projeto como um arquivo IFC independente do fornecedor.
Por exemplo: suponha que uma arquiteta use o Autodesk Revit; o engenheiro estrutural use o Trimble Tekla Structures; e o engenheiro de sistemas – que projeta os dutos, a tubulação e a parte elétrica – trabalhe no MagiCAD. Do ponto de vista do fluxo de trabalho, talvez pareça a pior situação possível: cada um está usando algo diferente. Programas diferentes geram resultados diferentes, levando à perda de dados, soluções paliativas e retrabalho durante a troca de informações sobre o projeto. Uma abordagem openBIM possibilita a transferência de informações entre essas diferentes áreas por meio de arquivos IFC.
É aí que as vantagens do openBIM e do IFC realmente começam a aparecer: a arquiteta pode vincular metadados a certos elementos do projeto. Por exemplo: a arquiteta projeta seu modelo tendo em mente o IFC. Certos metadados são anexados a diferentes partes do projeto, como uma parede, de modo que quando ela exporta para IFC, as informações – como a localização de janelas e portas e especificações de materiais – estão no lugar certo, já que outras áreas precisam consultar esses dados, cada uma atuando em seu escopo específico de trabalho.
O openBIM envolve diferentes equipes exportando para IFC a fim de comunicar o estado atual dos projetos. As outras equipes usam esse arquivo como referência, trabalhando com base nele para entregar um projeto coordenado e de qualidade.
Podemos fazer uma análise mais detalhada examinando os dois tipos de arquivo que criam uma linguagem comum no openBIM:
Arquivo Industry Foundation Class (IFC)
Um arquivo IFC é o verdadeiro padrão aberto de interoperabilidade para o BIM. É um tipo de arquivo digital que possibilita a troca de informações entre aplicativos de criação para desktop que não usam a mesma linguagem. As equipes de projetos selecionam uma determinada Definição da Vista do Modelo, que estipula a versão específica do esquema IFC a ser usada, de modo que todas as partes usem exatamente a mesma linguagem. Semelhante a um PDF, um IFC é um modelo de referência e uma maneira de arquivar e visualizar dados, mas não é uma ferramenta de criação. Ao usar o IFC, o openBIM permite que as partes interessadas utilizem a plataforma de projetos de sua preferência.
Arquivo BIM Collaboration Format (BCF)
Como parte do openBIM, existe outro formato, chamado BIM Collaboration Format (BCF), também administrado pela buildingSMART. O BCF comunica problemas de projeto entre plataformas. Não importa quem criou os dados de BIM e qual ferramenta é usada para monitorar problemas, as outras pessoas podem indicar e rastrear problemas nas ferramentas de sua preferência com o BCF.
A evolução da interoperabilidade
A transição de processos isolados para um ecossistema aberto está criando novas possibilidades para o setor de AEC. Mas essa interoperabilidade de dados demorou décadas para chegar.
As empresas começaram a se aventurar em formatos de arquivos abertos, como o DXF, na década de 1980. Em 1994, as organizações de AEC e software se reuniram para criar a International Alliance of Interoperability, que mais tarde, em 2005, se transformou na buildingSMART. Em 1996, as empresas estavam desenvolvendo softwares que fossem compatíveis com IFC. A buildingSMART está sempre revisando e aprimorando o padrão IFC para ajudar o setor de AEC a alcançar um futuro mais baseado em dados.
À medida que os processos de BIM migram para a nuvem, os padrões openBIM continuam evoluindo e influenciando o panorama da colaboração e interoperabilidade entre equipes no setor de AEC. A seguir, são apresentadas duas maneiras pelas quais os padrões openBIM darão suporte a uma interoperabilidade ainda maior em um futuro próximo.
De arquivos imensos a dados granulares
Da maneira como o openBIM funciona agora, os arquivos IFC contêm o escopo de trabalho inteiro de uma área. Mas a troca de arquivos grandes não é a melhor forma de comunicar informações: o objetivo é desmembrar essas trocas de informações em elementos contendo informações mais precisas. Um arquivo IFC contém dezenas de milhares, quando não centenas de milhares de componentes. A tendência atual é passar desses grandes arquivos discretos a dados mais granulares. Se um arquiteto envia um arquivo de 850 MB para um engenheiro, muitas vezes ele contém informações que não são relevantes para o escopo de trabalho do engenheiro. Compartilhar dados granulares significa que os colaboradores podem enviar um conjunto de informações selecionadas ou fazer atualizações em partes específicas de um projeto.
APIs conectarão dados e se aproximarão de uma nuvem setorial
À medida que a versão atual do IFC evolui e permite trabalhar com blocos menores de informações, o mecanismo de troca também está mudando: em vez de um processo de exportar-carregar-baixar-importar baseado em arquivos e conduzido por humanos, o fluxo de dados está se tornando mais automatizado com interfaces de programação de aplicativos (APIs), ou códigos intermediários que permitem a conectividade entre dois programas diferentes. Pense nas APIs como a criação de canais que podemos preencher com dados.
Estas são algumas das vantagens das APIs que conectam dados granulares:
- As APIs de dados permitirão que as partes interessadas sigam seus próprios fluxos de trabalho e os conectem aos dados específicos de que necessitam.
- Essas APIs ajudam no avanço rumo a uma nuvem setorial, um ecossistema conectado de plataformas de nuvem, como o Autodesk Forge. Isso só será alcançado se houver interoperabilidade entre essas APIs de plataformas de nuvem, trabalhando com dados granulares.
- A troca automatizada de dados resulta em maior produtividade e eficiência, necessidades prementes do setor.
Há quatro empresas que estão aproveitando as APIs da Autodesk para conectar dados, pessoas e fluxos de trabalho e melhorar a interoperabilidade:
- A Resolve desenvolveu uma integração para permitir a transferência de arquivos do Autodesk BIM 360 para os óculos de realidade virtual Oculus Quest, para visualizações de modelos.
- A Datum360 criou uma integração para combinar dados técnicos de engenharia com os modelos correspondentes.
- A hh2 conecta dados de gestão de projetos e informações financeiras ao Autodesk Build com seu modelo de construção universal.
- A Newforma desenvolveu o Newforma Connector para o BIM 360, no qual os arquivos do projeto são integrados a seus registros, permitindo uma visão completa do projeto.
Como o openBIM está elevando o nível da jornada digital do setor
À medida que o setor de AEC avança rumo a uma maior colaboração digital, essa abordagem unificada para o processo de projetar e construir beneficia todas as equipes de projeto e construção das seguintes maneiras:
Alinhamento das partes interessadas
Diferentes equipes trabalham com base nos mesmos arquivos, permitindo a coordenação em todo o projeto. Isso possibilita diminuir as falhas de comunicação, o principal motivo de 52% dos retrabalhos. Um ecossistema aberto oferece uma visão completa de um projeto com igualdade de acesso a todas as equipes.
Interoperabilidade
A troca fácil de dados entre pessoas, plataformas e fluxos de trabalho ajuda a eliminar informações isoladas e aumenta a eficiência. Por exemplo: o pessoal da construção às vezes gasta 35% do tempo procurando os documentos certos. Com um ecossistema conectado, a equipe pode encontrar o que precisa com facilidade.
Um único ecossistema conectado
Soluções como o Autodesk Construction Cloud, Resolve, Datum 360, hh2 e Newforma desenvolveram APIs de nuvem para interoperabilidade, permitindo a troca de dados de BIM.
Gestão de ativos em longo prazo
O IFC preserva digitalmente as informações do projeto, como modelos digitais, a contabilidade do projeto e materiais utilizados, permitindo o uso em todo o ciclo de vida da estrutura. Ao passo que o BIM impulsiona os gêmeos digitais, os padrões openBIM garantem que os dados que entram no processo BIM sejam interoperáveis, possibilitando a otimização e o monitoramento contínuos de uma estrutura muito tempo após sua inauguração. Estes são alguns dos maiores benefícios a considerar:
1. Uma futura venda do ativo poderia incluir todos os dados do projeto, de cada equipe que trabalhou nele, armazenados em um ambiente de dados comum.
2. Os requisitos de privacidade garantem que os dados sejam arquivados e gerenciados com segurança.
3. O acesso a gêmeos digitais em tempo real pode ajudar a solucionar possíveis problemas e avaliar o ambiente em mudança ao redor de um ativo construído.
Processos e projetos mais sustentáveis
Quando as equipes de projeto coordenam informações e fluxos de trabalho, o resultado é um processo mais eficiente e conectado. Trabalhar com base em informações comuns permite que as equipes se concentrem mais nos resultados importantes do projeto, como o impacto de suas emissões de carbono.
Mais precisão nos cronogramas e orçamentos
O acesso em tempo real a todos os dados do projeto pode ajudar as equipes a terminarem o projeto dentro do prazo e do orçamento. Um conjunto comum de informações em cada ferramenta de criação permite que os projetistas e profissionais de construção identifiquem erros digitalmente antes do início da obra, evitando problemas durante a construção.
Apesar desses benefícios, o setor alcançou uma taxa de adoção do BIM de apenas 60% a 70% (PDF, pág. 17) em 35 anos, um ritmo bem mais lento do que outras tecnologias, que levam em média de 8 a 28 anos para chegar a 90% de adoção. Porém, todas as empresas precisam adotar esses padrões para que o setor inteiro possa avançar.
Três razões para adotar o openBIM agora mesmo
Se você não atua usando o openBIM ou o IFC, está apenas trocando desenhos e deixando de aproveitar seu valor. Os fluxos de trabalho baseados em IFC nos permitem trabalhar com mais dados de alta fidelidade. À medida que o mundo digital começa a se atualizar, as empresas precisam embarcar na jornada ou ficarão para trás, porque essa transformação digital não para no openBIM. Veja três razões pelas quais as empresas precisam adotar os padrões openBIM:
1. Preparação para o futuro
O setor de AEC está avançando em direção a dados digitais compartilhados. As empresas que adotarem processos com openBIM agora poderão minimizar transtornos em uma área em constante evolução e acompanhar o ritmo das mudanças.
2. Mais oportunidades de projetos
O openBIM reforça a capacidade de colaboração apresentada pelo processo BIM, permitindo que os projetistas escolham o software de sua preferência, em vez de ter que usar ferramentas desconhecidas. Ao apresentar uma proposta de prestação de serviços, uma empresa pode ficar de fora simplesmente porque não consegue trabalhar no mesmo ambiente digital que outras áreas. O objetivo do openBIM e do IFC é conectar aplicativos e plataformas.
3. Captação de talentos
Os nativos digitais formam um segmento cada vez maior da força de trabalho atual. Assim, as empresas precisam manter o progresso digital para atrair talentos. Essa é uma preocupação especial no setor de construção civil, que tem enfrentado uma escassez de mão de obra à medida que os trabalhadores envelhecem e as gerações mais jovens desconsideram a área em busca de carreiras com acessibilidade digital. Um estudo recente da Harvard Business Review revelou que 88% das pessoas à procura de emprego buscam empresas que aproveitam as ferramentas de colaboração mais modernas.
Três empresas na vanguarda do openBIM
O setor de AEC tem sido relativamente vagaroso na utilização de tecnologias emergentes, mas algumas empresas estão tomando a iniciativa. A seguir são mencionadas três organizações que estão usando o openBIM em grandes projetos para conseguir fluxos de trabalho bem integrados, colaboração eficaz e melhores resultados nos negócios.
Erik Guidice Architects (EGA)
A EGA utilizou o openBIM ao projetar o edifício Platinan, de 60 mil metros quadrados, em Gotemburgo, na Suécia. Essa decisão melhorou a colaboração entre a EGA e as outras empreiteiras envolvidas na construção. Usando o Revit como principal plataforma de projeto, a EGA conseguiu exportar arquivos IFC para compartilhar com outras equipes que usavam uma variedade de softwares. Em seguida, ela usará sua estratégia de colaboração via openBIM para construir a vila olímpica em Paris para as Olimpíadas de 2024.
Norconsult
A empresa norueguesa de engenharia e projetos Norconsult impulsionou a digitalização da infraestrutura ao construir a rodovia E39, de 19 km e US$ 500 milhões, no sul da Noruega. A Norconsult desejava ter uma única fonte de informações para as 2.000 pessoas que trabalhariam juntas. Usando o Forge como principal plataforma de projeto, a Norconsult criou uma solução na nuvem que permitiu a colaboração em tempo real e o compartilhamento de 100 mil documentos digitais. A empresa utilizou as APIs do Forge para a visualização do modelo BIM e agora está criando sua própria plataforma de gêmeos digitais.
VolkerWessels
Para o projeto de expansão ferroviária Zwolle-Herfte, na Holanda, foram necessárias a instalação de novos trilhos, a transferência de estradas e ciclovias e a construção de um túnel ferroviário. A VolkerWessels usou a combinação BIM/GIS para conseguir uma maior integração de dados e lidar com o projeto complexo. O openBIM permitiu maior transparência e uma colaboração mais fácil entre plataformas e entre várias partes interessadas na cadeia de valor.
Qual é o futuro do openBIM?
À medida que o BIM aprimora os fluxos de trabalho de AEC e o openBIM estimula a interoperabilidade dos arquivos de dados, a transformação digital evolui para atender à crescente complexidade dos ativos construídos. Há uma dependência cada vez maior da coleta e utilização de dados para promover a colaboração. Veja o que esperar a seguir.
BIM como requisito em licitações governamentais
A criação de um processo de construção mais sustentável, eficiente e produtivo favorece não só o setor de construção civil. A mudança para o openBIM promove benefícios sociais, como um ambiente construído capaz de durar mais e atender a uma população mundial crescente. Os governos já estão adotando uma postura mais proativa, abrindo licitações de construção que exigem que as empresas de AEC dos setores público e privado usem o openBIM nos projetos.
A mudança de arquivos imensos para dados granulares
O futuro do openBIM é a migração para o conjunto moderno de tecnologias visando oferecer interoperabilidade. Ele está usando informações granulares viabilizadas por APIs para conectar os serviços do setor. O futuro parece mais direcionado, mais automatizado e mais capaz do que qualquer coisa que adote uma abordagem tradicional hoje em dia.
A ascensão de uma nuvem setorial
O futuro é uma nuvem conectada no setor de AEC. Trata-se da convergência de todo o conjunto de tecnologias necessário para qualquer projeto na nuvem. Essas partes vão se conectar por meio de APIs, criando uma rede interdependente de produtos. As empresas começarão a trabalhar juntas para oferecer uma maior capacidade geral de fornecer o que o setor precisa. A nuvem setorial será movida por APIs que trabalham com dados granulares: essa é a constelação do futuro.