Empresa alemã avança a todo vapor com tecnologia maglev
Já é de se admirar que ímãs consigam fazer um vagão de trem de 30 toneladas lotado levitar e se deslocar a velocidades de mais de 160 km por hora. O que dizer de um trem maglev voando a uma altitude de mais de 8 mil metros em um avião de carga ucraniano da Alemanha para a China?
O transporte foi feito recentemente pela empresa alemã de construção civil e infraestrutura Max Bögl e a parceira chinesa Chengdu Xinzhu Road & Bridge Machinery Co. Ltd.
A Max Bögl também está revolucionando o futuro do transporte público com a tecnologia de levitação magnética (maglev).
Com base na experiência adquirida no fornecimento do trilho para a Transrapid de Xangai – uma linha ferroviária maglev comercial de alta velocidade –, a empresa projetou uma nova solução de mobilidade urbana totalmente automatizada: Transport System Bögl (TSB).
Ao mesmo tempo em que estudos de viabilidade estão sendo feitos na Europa, os veículos do sistema já estão sendo demonstrados na China.
“Estamos totalmente convencidos de que este trem maglev vai revolucionar o futuro do transporte de massa”, afirma Andreas Rau, gerente de produto do TSB. “Agora podemos oferecer um sistema de transporte mais sustentável e econômico como um pacote tecnológico completo com trilho, veículo e operação.”
Missão da maglev: tecnologia adaptável, integrada e sustentável
Segundo a Max Bögl, existem diferenças significativas entre o TSB e o Transrapid. Em primeiro lugar, o TSB é um pacote totalmente integrado oferecido por um único fornecedor. A Max Bögl pretende fornecer aos clientes uma solução completa de serviços que compreenda todas as etapas, desde o planejamento até a fabricação do veículo, a montagem no local e a operação do sistema.
O Transrapid tem um foco mais voltado para a velocidade. Já o TSB foi criado com uma finalidade mais complexa: oferecer um transporte público preparado para o futuro a cidades com alta densidade demográfica.
Apesar de ser mais lento, com uma velocidade de 150 km/h, o TSB é mais silencioso – com emissão praticamente zero de ruído e nenhuma vibração. Além disso, o sistema é flexível e pode funcionar em uma grande variedade de ambientes urbanos. É possível instalá-lo como ferrovia elevada, ao nível do solo ou até mesmo como sistema de transporte subterrâneo.
Essa adaptabilidade é resultado de um projeto de infraestrutura preciso. A parte inferior da carroceria do TSB engata no trilho por dentro e é então puxada para cima pelos ímãs até uma altura de pouco mais de 6 mm. Isso permite que o trilho seja bastante estreito, o que é ideal nas áreas urbanas, onde o espaço é limitado.
A tecnologia sofisticada confere mais segurança e eficiência ao TSB. “O sistema apresenta excelente desempenho em comparação com os sistemas de transporte convencionais”, observa Rau. A combinação da operação automatizada, sem condutor e sem falha humana, com as vantagens da tecnologia de levitação magnética reduz os custos de operação em 20% em comparação com os sistemas convencionais de roda e trilho. “É possível programar o TSB para funcionar conforme a necessidade, evitando a circulação sem passageiros nos horários de menor movimento e nas áreas rurais”, acrescenta Rau.
Além disso, os trens podem operar praticamente sem desgaste, o que os torna ainda mais econômicos. Em comparação com o sistema de rodas e trilhos de um bonde, por exemplo, no TSB a parte inferior da carroceria não entra em contato com o trilho. Também não há contato entre o estator e os elementos, já que o TSB usa um estator curto no veículo, em vez de um estator longo no trilho.
O TSB pode até parecer a solução ideal. Mas realizar uma mudança tão radical no setor de transportes sempre exige certa dose de persuasão.
A Max Bögl conta com modelos 3D para atrair possíveis clientes para a nova tecnologia. “As representações visuais são de grande importância na fase de desenvolvimento do projeto”, comenta Rau. A Max Bögl usa soluções Autodesk, como o InfraWorks, o Civil 3D, o Navisworks e o Inventor, para gerar visualizações 3D do TSB em cada área do projeto.
“Para obter uma representação realista de como será o trilho de determinado itinerário, usamos software Autodesk e uma seleção de imagens de monitoramento por câmera com raios de curva fechada de até quase 46 metros e inclinações íngremes de até 10%”, explica Rau. Em colaboração com a Autodesk Consulting, os engenheiros da Max Bögl puderam adotar um processo de trabalho mais eficiente com o uso de visualizações 3D, em vez de desenhos 2D.
Construção dos primeiros trilhos de demonstração
O próximo passo da Max Bögl é dar vida ao conceito TSB. Para convencer os clientes chineses do potencial do sistema, a empresa alemã e sua parceira chinesa, Chengdu Xinzhu Road & Bridge Machinery Co. Ltd., construíram um trilho de demonstração com 3,5 quilômetros na província de Sichuan, no sudoeste do país, onde o TSB pode alcançar velocidades de até 160 km/h.
Os pesados módulos do trilho têm 12 metros de comprimento e são feitos de elementos de concreto pré-moldados produzidos em série na sede alemã da Max Bögl, que também fabrica o veículo. Os módulos do trilho foram colocados em containers e levados para a China por transporte ferroviário pela Nova Rota da Seda. Já o veículo chegou ao trilho de demonstração chinês por transporte aéreo. O trilho foi parcialmente encomendado em outubro de 2019 e, em breve, deverá entrar em pleno funcionamento.
No momento, o Ministério Federal dos Transportes e da Infraestrutura Digital (BMVI) da Alemanha está fazendo um estudo de viabilidade do uso do TSB no Aeroporto de Munique. Isso pode representar a base para a implantação do sistema em toda a Alemanha: já existem planos para projetos em Berlim, no estado de Schleswig-Holstein, que fica no norte do país, e na área metropolitana de Munique. O futuro dos trens de levitação magnética na Alemanha será revelado quando os resultados dos estudos forem apresentados em janeiro de 2021.